Inédito: Começa a higienização e restauração de cerca de 70 mil livros da Biblioteca Pública Municipal Professor Eli Brasiliense

O acervo de uma biblioteca pública deve atender às necessidades informacionais de toda a comunidade. Os livros precisam de cuidados, pois são feitos de matéria orgânica (papel). Assim sendo, a Prefeitura de Porto Nacional por meio da Secretaria Municipal da Cultura e do Turismo iniciou, de forma robusta, a revitalização de cerca de 70 mil livros da Biblioteca Pública Eli Brasiliense. Um processo valioso e inédito em uma gestão municipal.

Na trajetória cultural e intelectual do Município portuense jamais se ouviu dizer em higienização, restauração e encadernação de livros do acervo de uma biblioteca pública. Mas o prefeito Joaquim Maia, movido pela mudança, trabalho e imbuído na esperança de dias melhores para a comunidade, trouxe para Porto Nacional a especialista em Higienização, Restauração de Acervos Bibliotecários e Encadernação de Livros, Elzideth Pinto de Cerqueira.

Ela tem formação superior em Restauração de Livros pelo SENAI de São Paulo. Na Associação Brasileira de Encadernação e Restauro, também na capital paulista, ministrou cursos em “Restauração em Encadernações Originais” e de “Encadernação de Livros”. Atua na área há 17 anos.

A profissional está fazendo, primeiramente, o trabalho de higienização dos livros. Em seguida, será a parte de restauração e encadernação dos exemplares. Tudo começa pela limpeza das primeiras 25 folhas, tanto as do começo, quanto as do final do livro, dependendo do grau de deterioração que tiver a obra.

Os livros estão muito sujos, cheios de pó e o clima quente é desfavorável para a conservação e preservação dos mesmos. Muitos exemplares terão que ser higienizados por completo – nos cortes, capas, até o miolo.

Estão sendo utilizados para a limpeza – pincel e pano seco macio, isso pra não tirar o “suporte papel” (a própria página) e nem a letra, o que exige um cuidado importante.

Depois da higienização de todos os exemplares da Biblioteca, Elzideth Cerqueira fará a separação e análise de todos os livros que serão restaurados e encadernados.

“O trabalho de limpeza é feito com mais rapidez que a restauração das obras danificadas, já que esta exige uma tarefa mais minuciosa. Alguns livros estão com grande perda das páginas, por conta da umidade e do calor, que prejudicam a integridade do papel. Alguns exemplares estão com cupins e traças, envergados, e com as fibras dos papéis, inchadas”, explicou a Especialista.

Contudo, o pó e a “sujidade” são importantes agentes de degradação. Conjugados com condições ambientais propícias podem provocar  destruição em todo o tipo de suportes e são alimento para diversos organismos.

O secretário municipal da Cultura e do Turismo, Arnaldo Bahia, explicou que com a revitalização e reforma da biblioteca seria necessária, também, a revitalização de mais de 60 mil livros – que é justamente o trabalho que está sendo feito – em respeito às obras literárias dos escritores que fazem parte do acervo riquíssimo que a Biblioteca Eli Brasiliense tem.

“No início de 2020, quando o local já estiver pronto para atender ao público, as obras literárias também estejam higienizadas e restauradas, o que na verdade, uma cidade igual Porto Nacional, jamais poderia ter deixado fechar um bem tão valioso como uma biblioteca”, disse o Secretário.

A Biblioteca está sendo revitalizada e ganhará livros limpinhos e bem conservados, para incentivar a comunidade a fazer o uso do espaço, incentivando–os à leitura. É uma instituição sociocultural voltada, principalmente, para satisfazer as necessidades de informação e literatura da sociedade onde está inserida, sem distinção de sexo, raça, religião e opinião política.

Processos de higienização

As pessoas que irão executar os tratamentos de higienização são chamadas de auxiliares de higienização. Elas passam por um treinamento específico quanto aos cuidados ao manusear os documentos, principalmente os mais frágeis, que precisam de cuidado e atenção, para que não corram riscos de novos danos. Outro fator importante, é ter um conhecimento razoável sobre o trabalho a ser desenvolvido, para a identificação dos agentes nocivos, o que irá agilizar e facilitar a limpeza.

É aconselhável que os agentes de higienização estejam conscientes do valor dos documentos em tratamento.

Com o auxílio de um aspirador de pó (semi-industrial), pincéis, brocha, borracha e flanela, a equipe inicia a limpeza pelos cortes laterais e superior ou cabeça do livro, local onde se deposita toda a poeira em suspensão, que existe dentro de uma área de guarda do livro.

O auxiliar de higienização deve estar protegido com equipamento específico, mesa de higienização (bancada) e um pincel de pelos macios para a execução do processo de varredura de todas as 25 primeiras páginas – óculos protetor, máscara contra poeiras, luvas (cirúrgica branca), avental ou jaleco.

Inicialmente é feita a eliminação mecânica de todas as sujidades que se encontram nos livros, documentos e nos agentes considerados agressores, tais como clipes oxidados ou não, excrementos de insetos, grampos metálicos, elementos generalizados utilizados como marcadores de folhas, poeira, partículas sólidas, e todos os elementos espúrios à estrutura física dos documentos.

Tudo com o auxílio de uma espátula de metal, para a retirada de clipes, grampos e demais corpos estranhos aderidos aos documentos.

Em seguida, será utilizado o pó de borracha, resultante da ação de ralar a borracha plástica branca em um ralador de aço inox. Esta ação é, efetivamente, mais usada nos documentos impressos como gravuras impressas, partituras musicais, mapas e impressos em geral. Esta ação deve ser executada com o máximo de cuidado e sobre mesas de grande formato.

Coloca-se um papel mata-borrão (papel absorvente) e sobre este, o documento a ser limpo, e depois um punhado de pó de borracha, com movimentos leves e circulares, partindo do centro para as bordas, executa-se a limpeza com o auxílio de uma boneca (espécie de chumaço feito com algodão de gaze).

Este procedimento pode ser repetido tantas vezes quantas forem necessárias, até a limpeza total do documento. Ao final, este pó de borracha deve ser bem retirado do documento com o auxílio de um pincel de pelos macios.

Restauração do papel, finalização com encadernação e restauração da encadernação original

A restauração só é feita nas obras (livros), após ser estudado o estado de conservação. É isso que vai ajudar a equipe de profissionais a desenvolver o melhor tratamento – analisando com calma o estado geral de cada obra.

É importante mencionar que o restauro não faz com que os livros fiquem como se tivessem acabado de sair da loja. A ética dos restauradores é respeitar a história de vida das obras. O interesse não é para que pareçam novas, mas que “vivam” um pouco mais. Os profissionais buscam deixá-las o mais próximo do original, mas normalmente não se chega a esse ponto. O ideal é que as pessoas percebam a intervenção profissional nas obras literárias e conservem-nas.

“Todos acham que vamos resolver os problemas dos livros, fazendo com que eles fiquem até com cheiro de novos, mas não é o que acontece. Nosso deve é respeitar as características de cada obra e fazer o possível para que dure mais tempo”, explicou a especialista Elzideth Cerqueira.

A primeira etapa do processo é fazer uma ficha de identificação com o nome da instituição, título do livro e autor. Além disso, anotar que tipo de material é aquele – verificar o que é uma característica física e o que é um problema.

É feito também um registro fotográfico do estado de conservação da obra, para ter as imagens do antes e depois, como comparação e conhecimento das intervenções feitas. Depois disso, as próximas fases vão depender das necessidades de cada livro. Cada livro é um livro e tem diferentes etapas de tratamentos.

O papel utilizado nas restaurações das obras é japonês, diretamente importado do Japão, tem diversas gramaturas e são próprios para conservação e restauração, feitas manualmente ou maquinalmente. É produzido de forma ecológica com fibras de Kozo, Gampishi, Mitsumata e Cânhamo.

O papel japonês Maruishi tem boa resistência e é fino, então a equipe consegue fazer a consolidação do rasgo sem prejudicar a leitura. Isso utilizando a cola de amido, que tem boa adesividade e visando a conservação do papel.

Quando o problema está na estrutura, são necessários processos de restauro, mais demorados e trabalhosos. Outra grande dificuldade é quando os leitores das obras colam fita durex em alguma página, pois a cola da fita penetra no papel, causando manchas de difícil remoção.

Os materiais utilizados na restauração também são bastante selecionados. Há a necessidade de utilizar produtos que possam ser removidos e que tenham PH neutro, não contendo ácidos. Materiais que podem ser utilizados e que não vão afetar a obra posteriormente, pois se visa a conservação dos livros, tentando mantê-los por mais tempo.

Se os livros estiverem com os cadernos soltos, a equipe de restauração vai desmontar a costura e restaurar caderno por caderno e folha por folha, depois irá costurar e reencadernar, se houver a necessidade de uma nova encadernação. Caso contrário, será feita a restauração da encadernação original.

Esta é a lista de materiais que será utilizada para a restauração das obras literárias da Biblioteca Pública Municipal Professor Eli Brasiliense: Papéis japoneses de diversas gramaturas, pinça, bisturi, cola de amido, encadernação, papelão rolem e cola para revestimento.

Por que higienizar?

Frequentemente a higienização de livros antigos é desvalorizada por ser um tipo de tratamento cujos resultados não são facilmente visíveis. Por esse motivo, a sua remoção é fundamental para a preservação de qualquer livro ou documento.

É recomendado que se faça com a regularidade possível, um trabalho de higienização de todos os volumes que se pretende preservar.

Este tipo de intervenção ajuda a remover partículas nocivas da superfície, tal como poeiras, fungos e dejetos de insetos, que de outra forma podem ficar entranhadas nos materiais.

Métodos de higienização

Os métodos de higienização utilizados deverão ser escolhidos de acordo como estado de conservação do livro ou documento.

Sempre que possível, é importante que se faça a limpeza com métodos secos, por ser mais seguro para o material a intervencionar. Limpeza por via úmida deve ser feita apenas por técnicos especializados e apenas nos casos em que a limpeza por via seca não tenha sucesso, já que o papel fica mais suscetível de sofrer danos.

Devem-se  selecionar os equipamentos adequados; ter em conta a integridade da superfície a higienizar e das tintas, sem risco de ocorrerem danos.

É necessário ter atenção com a trincha, que deve ser muito macia; o livro tem que ser manuseado com cuidado; e os resíduos da limpeza devem ser eliminados da superfície de trabalho.

Revitalização da Biblioteca Municipal Eli Brasiliense

O prefeito de Porto Nacional Joaquim Maia, em mais um grande feito, anunciou, ainda na 38ª Semana da Cultura e 2ª Feira Literária Portuense (FLIP), a reforma geral da Biblioteca Pública Municipal Professor Eli Brasiliense, um dos grandes patrimônios intelectuais da cidade.

O lugar estava desativado desde 2014, há cinco anos. Com área total de 500 m², o espaço já está recebendo uma nova cobertura, troca de todo o piso e das partes elétrica, hidráulica e sanitária, bem como, restauração das janelas originais, e pintura. A entrega da obra está prevista para o fim desse ano.

Comandada pela Secretaria Municipal da Infraestrutura e Mobilidade Urbana, a obra tem valor estimado de R$ 374.844,37, de recursos originários do Ministério da Cultura e da Secretaria Municipal da Cultura e do Turismo.

A reforma está sendo feita em toda a estrutura física e, também, no acervo da Biblioteca, vinculando-o ao programa da Cidade Digital que já contempla a área onde se encontra a referida biblioteca, proporcionando assim, condições apropriadas para firmar seu papel enquanto fomentadora da cultura na sociedade.

Antes de ser fechada, a Biblioteca recebia pouquíssimos visitantes por dia, devido ao seu estado físico e estruturas deterioradas. “No intuito de melhorarmos essa realidade é que procuramos expandir cada vez mais a busca pela cultura e o incentivo ao hábito da leitura e do conhecimento, através dos livros”, disse o prefeito Joaquim Maia.

O gestor de Porto Nacional destacou, ainda, que assim que entregar a nova Biblioteca, vai aumentar e aperfeiçoar os serviços de acesso à internet; atendimento ao usuário; empréstimos de livros literários; eventos culturais; folders informativos; brinquedoteca; videoteca; e a “Hora do Conto”.

A Biblioteca Eli Brasiliense foi edificada no local do Antigo Mercado Municipal, na Rua Bartolomeu Bueno, no Centro da cidade. Passou a chamar Professor Eli Brasiliense através da Lei n° 866 de 12 de Março de 1980.

A Biblioteca não constitui uma entidade independente, mas um complemento da escola. Se a escola inicia o aluno na instrução, a biblioteca a completa. Sua função é a de agente educacional, proporcionando o enriquecimento da cultura do aluno, em diferentes campos.

Fonte / Umbelina Costa

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